FONOAUDIOLOGIA E YOGA
O interesse em aplicar o yoga à terapia fonoaudiológica iniciou-se há mais ou menos dez anos quando retomei a prática deste, que se iniciou em 1992.
À medida que ia avançando nesta prática percebia que grandes mudanças em termos de concentração e autocontrole estavam ocorrendo comigo, e que tais mudanças me direcionavam com mais determinação e afinco às propostas que eu tinha interesse. Ou seja, comecei a perceber que meus níveis de estresse e ansiedade estavam menores, ajudando-me a controlar mais conscientemente aspectos mentais e emocionais que sobremaneira interferiam no bom desempenho das minhas atividades físicas, profissionais e sociais. Ao mesmo tempo, percebia que algumas técnicas fonoaudiológicas eram muito semelhantes aos exercícios do yoga, e que os objetivos de algumas dessas técnicas fonoaudiológicas poderiam ser aprimorados com as atividades do yoga, pois algumas dessas técnicas atuavam em órgãos responsáveis pela fonação e no sistema nervoso.
Em virtude dessa observação, iniciou-se o projeto de estudos da correlação entre as duas abordagens.
Diante dessa pesquisa, verificou-se que os resultados da terapia fonoaudiológica poderiam ser incrementados por meio dos “ásanas” ou posturas corporais do yoga, que além de promoverem o relaxamento dos músculos com tensões anômalas por estresse e ansiedade ajudam a desenvolver a concentração e o equilíbrio, que são importantes para o bom desempenho de linguagem. E também, por meio dos “pranayamas”, atividades respiratórias do yoga que além de promoverem maior nível de consciência e autoconhecimento, visam melhorar a capacidade cardio-respiratória e de ventilação pulmonar, contribuindo para os resultados positivos dos casos de distúrbios de voz e alterações fonoaudiológicas por déficite respiratório. Os “bija-mantras”, assim como os “pranayamas” são intensamente usados nas disfonias funcionais, pois além de atuarem como sons que equilibram a produção vocal buscam a interiorização.
A idéia de associar o yoga à fonoaudiologia concretizou-se com o caso de uma criança do sexo masculino com nove anos de idade e quadro de distúrbio de aprendizagem e troca fonêmica por déficite de discriminação e atenção auditiva, que vinha se arrastando sem alterações consideráveis, mesmo após a aplicação de várias técnicas fonoaudiológicas. Sugeri a mãe que tentássemos associar alguns recursos do yoga, e a mesma concordou, após três a quatro meses de terapia associada à yogaterapia, a criança começou a apresentar melhoras consistentes e rápidas. O mesmo ocorreu com uma segunda criança do sexo feminino de oito anos de idade, com quadro de gagueira e com outra criança do sexo masculino, de nove anos de idade. Todos com distúrbios importantes de linguagem oral e gráfica que interferiam na escolaridade e na socialização dos mesmos .
Destas terapias individuais, surgiu o primeiro grupo de yoga para crianças, como atividade de apoio às terapias fonoaudiológicas, porém, não mais restrito às crianças com alterações comunicativas. As aulas passaram a ser semanais e para crianças entre cinco a doze anos. Embora não tenha sido feito um estudo longitudinal, a informação colhida até o presente momento, é que apenas uma das crianças que apresentava alterações emocionais importantes, apresentou leve recidiva, porém em menor grau comparado aos dados do início do tratamento com fonoaudiologia e yogaterapia.
Atualmente, em minha prática profissional as técnicas do Yoga são amplamente usadas, para o incremento da terapia fonoaudiológica.
Bem como para a terapia de auto-aprimoramento e conscientização, que vem sendo desenvolvida com as técnicas da Yogaterapia.


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